Uma homenagem aos compositores da música caipira

Concertos itinerantes ao ar livre, de clássicos da música caipira, com arranjos inéditos para orquestra sinfônica. Este é o ConSertão!

Próximo ConSertão

Sobre o Projeto

O ConSertão foi concebido por Cláudio Lacerda, renomado cantor da música campesina e Diretor da Cantoria Produções Artísticas. O projeto consiste em concertos itinerantes ao ar livre pelo estado de São Paulo, em uma grande homenagem aos compositores da música caipira.

No ConSertão, Cláudio Lacerda e Rodrigo Zanc emprestam suas belas vozes para interpretar clássicos da música caipira. São canções que representam a identidade cultural do estado de São Paulo e de algumas regiões de estados vizinhos, que receberam forte influência cultural paulista desde a época das Bandeiras, região conhecida como Paulistânia.

Os arranjos foram produzidos pelo músico Neymar Dias, que assina a direção musical e é solista nas apresentações, empunhando um dos principais personagens da cultura do interior: a viola caipira.

Uma orquestra de câmara acompanha as apresentações, promovendo um encontro inesquecível entre a música clássica e a popular.

O projeto foi lançado em 2018 e, desde então, já passou por 9 cidades, atingindo cerca de 30 mil pessoas.

O ConSertão é uma realização do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, gerido pela Cantoria Produções Artísticas e produzido pela Agência NTZ.

Repertório

Teddy Vieira
Adauto Santos
Raul Torres e João Pacífico
Palmeira
Dino Franco e Zé Fortuna
Belmonte e Goiá
Serrinha e Athos Campos
Elpídio dos Santos
Pedro de Sá Pereira e Ari Machado
Angelino de Oliveira
Lourival dos Santos e Tião Carreiro
Renato Teixeira
Rolando Boldrin

Compositores homenageados

(1940 – 1999)
(1888 – 1964)
(1923 – 1992)
(1937 – 1972)
(1936 – 2014)
(1909 – 1970)
(1935 – 1981)
(1909 – 1998)
(1917 – 1997)
(1918 – 1967)
(1892 – 1955)
(1906 – 1970)
(1917 – 1978)
(1922 – 1965)
(1934 – 1993)
(1923 – 1983)

Sobre os Artistas

Cláudio Lacerda

(Diretor artístico, idealizador e voz principal)

Neymar Dias

(Diretor musical, arranjador e solista de viola caipira)

Rodrigo Zanc

(Voz)

1. Boiadeiro errante

Teddy Vieira

Eu venho vindo de uma
querência distante
Sou um boiadeiro errante, que
nasceu naquela serra
O meu cavalo corre mais
que o pensamento,
ele vem no passo lento
porque ninguém
me espera
Tocando a boiada, eu vou
cortando estrada.

Toque o berrante com capricho,
Zé Vicente,
mostre para essa gente
o clarim das alterosas.
Pegue no laço, não se
entregue companheiro,
chame o cachorro
campeiro que essa rês
é perigosa!
Olhe na janela, que
linda donzela.

Sou boiadeiro, minha
gente o que é que há?
Deixe o meu gado passar vou
cumprir com
a minha sina
Lá na baixada quero ouvir
a seriema, prá lembrar de
uma pequena que eu
deixei lá em Minas
Ela é culpada, de eu
viver nas estradas.

O rio tá calmo e a boiada
vai nadando.
Veja aquele boi berrando,
Chico Bento corre lá!
Lace o mestiço, salve ele das
piranhas, tire o gado da campanha
pra viagem continuar
Com destino a Goiás,
deixei Minas Gerais

2. Triste berrante

Adauto Santos

Já vai bem longe este
tempo, bem sei
Tão longe que até penso
que eu sonhei

Que lindo quando a
gente ouvia distante
O som daquele triste berrante
E um boiadeiro a gritar, êia!
E eu ficava ali na beira da estrada
Vendo caminhar a boiada até
o último boi passar

Ali passava boi, passava boiada
Tinha uma palmeira na
beira da estrada
Onde foi cravado muito coração

Mas sempre foi assim e
sempre será
O novo vem e o velho
tem que passar

O progresso cobriu a poeira
da estrada
E esse tudo que é o meu nada
Eu hoje tenho que
acatar e chorar
Mas mesmo vendo gente
e carro passando
Meus olhos estão enxergando
uma boiada passar

3. Caboclo Tereza

Raul Torres e João Pacífico

“Lá no alto da montanha, numa
casinha estranha toda feita de sapê
Parei uma noite à cavalo pra mór de
dois estalo que ouvi lá dentro bate
Apeei com muito jeito, ouvi um
gemido perfeito, uma voz cheia
de dor:
“Vancê, Tereza, descansa, jurei de
fazer a vingança pra mode do
meu amor”

Pela réstia da janela, por uma
luzinha amarela de um lampião
quase apagando
Vi uma cabocla no chão e um cabra
tinha na mão uma arma alumiando
Virei meu cavalo a galope, risquei de
espora e chicote, sangrei
a anca do tar
Desci a montanha abaixo
galopando meu macho, o seu
doutô eu fui chamar

Vortamo lá pra montanha naquela
casinha estranha eu e
mais seu doutô

Topemo o cabra assustado, que
chamando nóis prum lado a sua
história contou”

Senti meu sangue fervê jurei a Tereza matá
O meu alazão arriei e ela eu fui percurá.
Agora já me vinguei é esse o fim de um
amor. Essa cabocla eu matei é a minha
história, doutor.

Há tempo eu fiz um ranchinho pra
minha cabocla morá
Pois era ali nosso ninho bem
longe deste lugar.
No arto lá da montanha perto
da luz do luar
Vivi um ano feliz sem
nunca isso esperá

E muito tempo passou pensando
em ser tão feliz
Mas a Tereza, doutor,
felicidade não quis.
Pus o sonho nesse oiá, paguei
caro meu amor
Pra mór de outro caboclo meu rancho ela abandonou.

4. Disco voador

Palmeira

Tomara que seja verdade que exista mesmo
disco voador
Que seja um povo inteligente pra trazer pra
gente a paz e o amor
Se for pra o bem da humanidade que
felicidade esta intervenção
Aqui na Terra só se pensa em guerra
Matar o vizinho é nossa intenção

Se Deus que é o Todo-Poderoso fez esse
colosso suspenso no ar
Por que não pôde ter criado um mundo
apartado da terra e do mar
Tem gente que não acredita
E acha que é fita os mistérios profundos
Quem tem um filho pode ter dois filhos
O Senhor também pode ter outros mundos

Os homens do nosso planeta
Dão a impressão que já não tem mais crença

Em vez de fabricar remédio pra curar o
tédio e outras doenças
Inventam armas de Hidrogênio usam o
seu gênio fabricando bomba
Mas não se esqueçam que por mais
que cresçam
Que perante Deus qualquer gigante tomba

O nosso mundo é um espelho que reflete
sempre a realidade
Quem planta vinha colhe uva
E quem planta chuva colhe tempestade
No tempo em que Jesus vivia Ele disse um
dia e não foi a esmo
Que nesse mundo onde a maldade infesta
Tudo que não presta morre por si mesmo

5. Cheiro de relva

Dino Franco e Zé Fortuna

Como é bonito estender-se no verão
As cortinas do sertão, nas varandas
da manhã
Deixar entrar pedaços de madrugada
E sobre a colcha azulada dorme calma
a lua irmã

Cheiro de relva traz do campo a brisa
mansa que nos faz sentir criança
a embalar milhões de ninhos
A relva esconde as florzinhas orvalhadas
Quase sempre abandonadas nas
encostas dos caminhos

A juriti madrugadeira da floresta
Com seu canto abre a festa revoando
toda a selva. O rio manso caudaloso se
agita parecendo achar bonita
a terra cheia de relva.

O sol vermelho se esquenta e aparece,
O vergel todo agradece pelos ninhos
que abrigou. Botões de ouro se
desprendem de seus galhos, são as gotas
de orvalho de uma noite que passou

6. Saudade da Minha Terra

Belmonte e Goiá

De que me adianta viver na cidade
Se a felicidade não me acompanhar
Adeus, paulistinha do meu coração
Lá pro meu sertão eu quero voltar
Ver a madrugada, quando a passarada
Fazendo alvorada começa a cantar
Com satisfação, arreio o burrão
Cortando o estradão saio a galopar
E vou escutando o gado berrando
O sabiá cantando no jequitibá

Por nossa senhora, meu sertão querido
Vivo arrependido por ter te deixado
Nesta nova vida aqui na cidade
De tanta saudade, eu tenho chorado
Aqui tem alguém, diz que me quer bem
Mas não me convém, eu tenho pensado
Eu fico com pena, mas essa morena
Não sabe o sistema que eu fui criado
Tô aqui cantando, de longe escutando
Alguém está chorando com
o rádio ligado

Que saudade imensa do campo
e do mato

Do manso regato que corta
as campinas
Aos domingos ia passear de canoa
Nas lindas lagoas de águas cristalinas
Que doce lembrança
daquelas festanças
Onde tinham danças e lindas meninas
Eu vivo hoje em dia sem ter alegria
O mundo judia, mas também ensina
Estou contrariado, mas não derrotado
Eu sou bem guiado pelas mãos divinas

Pra minha mãezinha já telegrafei
E já me cansei de tanto sofrer
Nesta madrugada estarei de partida
Pra terra querida, que me viu nascer
Já ouço sonhando o galo cantando
O inhambu piando no escurecer
A lua prateada clareando a estrada
A relva molhada desde o anoitecer
Eu preciso ir pra ver tudo ali
Foi lá que nasci, lá quero morrer

7. Chitãozinho e Xororó

Serrinha e Athos Campos

Eu não troco meu ranchinho
amarradinho de cipó
Pruma casa na cidade nem
que seja bangaló.
Eu moro lá no deserto,
sem vizinho eu vivo só
Só me alegra é quando pia
lá praqueles cafundó

É o inhambu-xitã e o xororó
É o inhambu-xitã e o xororó

Quando rompe a madrugada,
canta o galo carijó
Pia triste a coruja, na cumieira
do paiol
Quando vem o entardecer,
pia triste o jaó
Só me alegra quando pia
lá praqueles cafundó

Não me dou com a terra roxa,
com a seca larga o pó
Na baixada do areião, eu sinto
um prazer maior

Ver a rolinha no andar,
no areião faz caracó
Só me alegra quando pia
lá praqueles cafundó

Eu faço minha caçada,
antes de sair o sol
Espingarda de cartucho,
patrona de tiracó,
Tenho buzina e cachorro,
pra fazer forrobodó
Só me alegra quando pia
lá praqueles cafundó

Quando eu sei de uma noticia,
que outro canta melhor
Meu coração dá um balanço,
fica meio banzaró
Suspiro sai do meu peito,
que nem bala joveló
Só me alegra quando pia lá
praqueles cafundó

8. Você vai gostar

Elpídio dos Santos

Fiz uma casinha branca lá no pé da serra
Pra nós dois morar
Fica perto da barranca do rio Paraná
A paisagem é uma beleza
Eu tenho certeza, você vai gostar
Fiz uma capela, bem do lado da janela
Pra nós dois rezar

Quando for dia de festa
Você veste o seu vestido de algodão
Quebro o meu chapéu na testa
Para arrematar as coisas do leilão
Satisfeito vou levar
Você de braço dado atrás da procissão
Vou com meu terno riscado
Uma flor do lado e meu chapéu na mão

9. Chuá chuá

Pedro de Sá Pereira e Ari Machado

Deixa a cidade formosa morena
Linda pequena, e volta ao sertão
Beber a água da fonte que canta
Que se levanta do meio do chão

Se tu nasceste cabocla cheirosa
Cheirando a rosa do peito
da terra
Volta prá vida serena da roça
Daquela palhoça, do alto da serra

E a fonte a cantá, chuá, chuá
E as água a corrê, chuê, chuê
Parece que alguém, que cheio
de mágoa
Deixaste quem há de dizer
a saudade
No meio das águas,
rolando também

A lua branca de luz prateada
Faz a jornada no alto dos céus
Como se fosse uma
sombra altaneira
Da cachoeira, fazendo escarcéu

Quando esta luz lá na
altura distante
Loira ofegante no poente a cair
Dá-me essa trova, que e
o pinho descerra
Que eu volto pra serra, que
eu quero partir

10. Tristezas de Jeca

Angelino de Oliveira

Nestes versos tão singelos minha
bela meu amor
Pra vancê quero contar o meu sofrer
e a minha dor
Eu sou como o sabiá que quando
canta é só tristeza
Desde o galho onde ele está

Nesta viola eu canto e gemo de verdade
Cada toada representa uma saudade.

Eu nasci naquela serra num ranchinho
à beira-chão

Todo cheio de buraco onde a lua faz clarão
Quando chega a madrugada lá no
mato a passarada
Principia o barulhão

Lá no mato tudo é triste desde
o jeito de falar
Quando riscam na viola dá
vontade de chorar
E o choro que vai caindo devagar
vai se sumindo
Como as águas vão pro mar

11. Chora Viola

Lourival dos Santos e Tião Carreiro

Eu não caio do cavalo nem do
burro e nem do gaio
Ganho dinheiro cantando a viola
é meu trabáio
No lugar onde tem seca, eu de
sede lá não caio
Levanto de madrugada e
bebo pingo de orvalho
Chora viola

Não como gato por lebre, não
compro cipó por laço
Eu não durmo de botina não
dou beijo sem abraço
Fiz um ponto lá na mata caprichei
e dei um nó
Meus amigos eu ajudo, inimigo
eu tenho dó
Chora viola

A lua é dona da noite o sol é
dono do dia
Admiro as mulheres que gostam
de cantoria
Mato a onça e bebo o sangue,
furo a terra e tiro o ouro
Quem sabe aguentar saudade
não aguenta desaforo
Chora viola

Eu ando de pé no chão piso por
cima da brasa
Quem não gosta de viola que não
ponha o pé lá em casa
A viola tá tinindo, o cantador tá
de pé. Quem não gosta de viola,
brasileiro bão não é
Chora viola

12. Romaria

Renato Teixeira

É de sonho e de pó, o destino de um só
Feito eu perdido em pensamentos
Sobre o meu cavalo
É de laço e de nó, de gibeira o jiló
Dessa vida cumprida a sol

Sou caipira, Pirapora nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida

O meu pai foi peão, minha mãe, solidão

Meus irmãos perderam-se na vida
A custa de aventuras
Descasei, joguei, investi, desisti
Se há sorte eu não sei, nunca vi

Me disseram, porém, que eu viesse aqui
Pra pedir em romaria e prece
Paz nos desaventos
Como eu não sei rezar, só queria mostrar
Meu olhar, meu olhar, meu olhar

13. Vide vida marvada

Rolando Boldrin

Corre um boato aqui donde eu moro
Que as mágoas que eu choro são mal ponteadas
Que no capim mascado do meu boi
A baba sempre foi santa e purifi cada
Diz que eu rumino desde menininho
Fraco e mirradinho a ração da estrada
Vou mastigando o mundo e ruminando
E assim vou tocando essa vida marvada

É que a viola fala alto no meu peito humano
E toda moda é um remédio pros meus desengano
É que a viola fala alto no meu peito, humano

E toda mágoa é um mistério fora deste plano
Pra todo aquele que só fala que eu não sei viver
Chega lá em casa pruma visitinha
Que no verso ou no reverso da vida inteirinha
Há de encontrar-me num cateretê

Tem um ditado tido como certo
Que cavalo esperto não espanta a boiada
E quem refuga o mundo resmungando
Passará berrando essa vida marvada
Cumpadi meu que envelheceu cantando
Diz que ruminando dá pra ser feliz
Por isso eu vagueio ponteando
E assim procurando minha fl or-de-lis

Adauto Santos

(1940 – 1999)
De Bernadino de Campos – SP, foi cantor, compositor, violonista e violeiro. Está entre as maiores preciosidades de voz e viola do Brasil. Além de sua bela e afinadíssima voz, foi, aos poucos, introduzindo o toque da viola caipira em suas interpretações, o que chamou a atenção de muita gente, inclusive de clientes estrangeiros hospedados nos hotéis da capital paulista. Durante vários anos, apresentou-se no Jogral, renomado bar paulistano onde tocava viola. Entre seus maiores sucessos, está “Triste Berrante”, que fez parte da trilha sonora da novela Pantanal, da extinta TV Manchete. É justamente esta canção que está entre os clássicos homenageados no repertório do ConSertão.

Angelino de Oliveira

(1888 – 1964)
De Itaporanga – SP, foi criado em sua querida Botucatu – SP, a qual homenageou em seu grande sucesso, “Tristezas de Jeca”, canção que está no repertório do ConSertão e ainda hoje o maior clássico da música caipira, composto em 1918, mas reconhecida somente em 1931, com a gravação feita pelo cantor Paraguassú. Autodidata, tocava violão, guitarra portuguesa, violino e era mais um seresteiro que um músico sertanejo. Boêmio, compôs muito, mas seu repertório, que se diferencia pelo requinte das melodias, foi apenas parcialmente preservado (cerca de 80 músicas). Em 1982, foi instituída a Semana Angelino de Oliveira, que anualmente celebra-se na semana que inclui o dia 17 de junho. Existe na cidade de Botucatu a Escola Estadual de Primeiro Grau Angelino de Oliveira, bem como uma rua com seu nome na Vila Nova Botucatu. Foi-lhe concedido post-mortem o título de Cidadão Botucatuense.

Athos Campos

(1923 – 1992)

De Bebedouro – SP, com apenas 16 anos de idade, em parceria com Serrinha, compôs “Chitãozinho e Xororó”, sua primeira música e maior sucesso e a obra escolhida para homenageá-lo no ConSertão. Além de compositor, também atuou como radialista em várias emissoras de São Paulo, além de produzir programas televisivos para Geraldo Meirelles, um dos pioneiros em mostrar a música caipira na TV. Passou a residir em Mairiporã/SP, no final da década de 30, tendo inclusive composto o Hino Municipal da cidade, a qual se orgulha de ter sido a terra querida e amada pelo compositor. Além de “Chitãozinho e Xororó”, Athos Campos também compôs outras obras-primas, entre elas, “Sinhazinha”, “Bate na Viola”, “Samba de Roda”, “Viola Sem Defeito”, entre outras. Ele foi um dos artistas mais importantes do nosso país e sempre defendeu as raízes culturais do povo. Através de seus programas de rádio e TV, costumava sempre denunciar o mercantilismo que já começava a deturpar a música caipira raiz.

Belmonte

(1937 – 1972)

Pascoal Zanetti Toradelli ou simplesmente Belmonte é de Barra Bonita – SP. Aos 16 anos, já procurava ser um grande cantor. Com 18 anos, conheceu o cantor Belmiro, com quem iria fazer uma dupla, gravando seu primeiro disco: “Aquela Mulher”. Em 1966, Belmonte conheceu Amaraí e gravou seu disco de maior sucesso: “Saudade da Minha Terra”, cuja música homônima composta em parceria com Goiá está no ConSertão. Após um breve término, a dupla com Amaraí foi retomada. Belmonte havia composto a música “Cavalinho de Pau” e Amaraí havia composto “Te Amarei Toda Vida”, e, com suas vozes inigualáveis, as duas canções haviam se tornado dois grandes sucessos.

Dino Franco

(1936 – 2014)
De Parapanema – SP, antes de se tornar um compositor famoso, trabalhou na roça colhendo algodão; viveu em Rancharia e Paraguaçu Paulista, onde fez o tiro de guerra e começou sua carreira musical na Rádio Marconi, passando também pelos microfones da extinta Rádio Difusora de Rancharia. Após a morte do compositor Palmeira, formou dupla com Biá e, juntos, lançaram 6 LP’s. Após o fim da parceria, Dino seguiu carreira solo até se tornar produtor de “Cast”, da gravadora Chantecler, produzindo duplas famosas, como Lourenço e Lourival, Abel e Caim, Liu e Léu, entre outras. Sua obra lhe garantiu vaga na Academia Municipalista Brasileira de Letras, onde ocupou a cadeira número 14 que pertenceu ao compositor João Pacífico.

Elpídio dos Santos

(1909 – 1970)
De São Luís do Paraitinga – SP, sua obra extensa inclui mais de mil composições e vai muito além do gênero caipira. Foi autodidata e seu instrumento preferido era o violão. O interesse pela música veio com a participação na banda regida pelo pai. Sua inserção no gênero caipira se deu, em particular, por meio de Mazzaropi, de quem era muito amigo e para quem compôs muitas das canções de seus filmes, como “A dor da saudade”, do filme “Casinha pequenina”, “Fogo no rancho”, do filme “Jeca Tatu” e “Sopro do vento”, do filme “Tristezas do Jeca”, entre outras. “Você vai gostar” é a canção que faz parte do repertório do ConSertão em homenagem a este grande compositor.

Angelino de Oliveira

(1888 – 1964)
Goiá foi o apelido de Gérson Coutinho da Silva. De Coromandel – MG, ainda pequeno gostava de recitar e, incentivado pelo pai, que lhe deu o primeiro instrumento musical, uma gaita, logo passou para um cavaquinho e, em seguida, para um violão. Estudou música com o maestro José Ferreira, mas sempre gostou de poesia e trovas. Aos 18 anos foi com o pai Celso Coutinho para Goiânia, onde morou por dois anos e formou o “Trio da Amizade”, com programas diários na Rádio Brasil Central. Goiá e os componentes desse trio foram os primeiros do Estado de Goiás a gravar discos na Capital Paulista (foram dois discos 78 RPM na Columbia). Na cidade de São Paulo, fez parte do elenco de diversas emissoras de rádio e suas composições foram gravadas por vários intérpretes, entre eles, Pedro Bento e Zé da Estrada, Liu e Léu, Irmãs Galvão, Zilo e Zalo, Caçula e Marinheiro, Tibagi e Miltinho, Primas Miranda, Belmonte e Amaraí, Sergio Reis, Celia e Celma, e muitos outros. Um de seus maiores sucessos foi “Saudades da minha terra”, canção que homenageia o compositor no ConSertão, feita em parceria com Pascoal Todarelli, o Belmonte, e gravada inicialmente por Belmonte e Amaraí. Em 2006, o cantor Sérgio Reis lançou o CD “Tributo a Goiá”, uma homenagem ao compositor.

João Pacífico

(1909 – 1998)
De Cordeirópolis -SP, era neto de escravos. Trabalhando como garçom em vagão-restaurante de trens da Paulista, conheceu, em 1934, o poeta Guilherme de Almeida, que gostou de sua poesia e o apresentou a Raul Torres. Desse encontro, nasceu uma parceria profícua: juntos eles fizeram “Chico Mulato” e “Cabocla Tereza” (música que homenageia seus autores no ConSertão), introduzindo a “declamação” antes da música, além de “Pingo d’água”, “No mourão da porteira” e muitos outros sucessos. Com mais de 1.200 canções, foi um compositor fundamental para a música caipira. Na sua cidade natal, foi criada a “Casa de Cultura João Pacífico” em sua homenagem, enquanto a Câmara Municipal instituiu a “Medalha João Pacífico”, que é dada a personalidades. Em Guararema, institui-se a “Semana João Pacífico”, em homenagem ao Poeta do Sertão.

Lourival dos Santos

(1917 – 1997)
De Guaratinguetá-SP, teve sua primeira canção gravada em 1938, o recortado “Peão mineiro”. Fez parcerias com os maiores compositores do seu tempo, como Piraci (Vencendo sempre), Raul Torres (Gaúcho de São Borja), Teddy Vieira (Namoro invejoso), Moacyr dos Santos (Casamento sem convite, Pula-pula) e, acima de tudo, com Tião Carreiro (Rio de lágrimas, Hoje eu não posso ir, A viola e o violeiro). Ao todo, Lourival compôs cerca de 1300 canções. A clássica “Chora Viola”, composta em conjunto com seu grande parceiro musical, Tião Carreiro a música que compõe o repertório do ConSertão.

Palmeira

(1918 – 1967)
Diogo Muleiro, o Palmeira, é natural de Agudos-SP, formou com Piraci uma das duplas de maior sucesso dos anos 40; em seguida, fez dupla com Luisinho e, nos anos 50, com Biá, quando gravaram sucessos, como “Curimbatá”, “Recordações do Mato Grosso” e o famoso bolero “Boneca cobiçada”, de Biá e Bolinha, lançado em 1956 com mais de 500 mil cópias vendidas e que se tornou um clássico, tendo sido regravado inúmeras vezes, por diversos artistas. A canção virou filme com o mesmo nome e tornou-se um marco da música caipira, por incluir novas temáticas, além de novos arranjos e nova instrumentação. “Disco Voador” é a canção de Palmeira que está no repertório do nosso ConSertão.

Angelino de Oliveira

(1892 – 1955)
Maestro e compositor, Pereira fez, em parceria com diversos autores brasileiros, várias composições musicais (toadas e canções em sua maioria) que fizeram sucesso no início do Século XX. Dentre elas, podemos destacar “Chuá, chuá” com Ary Machado Pavão (que está no repertório do ConSertão); “Meu Senhor do Bonfim”, com Marques Porto e Luiz Carlos Peixoto de Castro; “Casinha da colina”, com Luiz Peixoto; “Canção da noite”, com Lamartine Babo, “Sandália de couro (Maxixe)”, com Ary Pavão e Marques Porto, “À la garçonne”, com Américo Guimarães; e “É canja”, com Alfredo Breda.

Raul Torres

(1906 – 1970)
Outro compositor botucatuense homenageado, filho de espanhóis, começou cantando emboladas. Chegou a participar da série caipira de Cornélio Pires, em 1931, e logo ganhou espaço no rádio, além do respeito de grandes nomes da MPB, como Chico Alves. Pode-se dizer que ele traçou as bases temáticas e rítmicas que orientaram a música raiz por várias décadas, em clássicos como “Saudades de Matão”, “Moda da mula preta”, “Colcha de retalhos”, etc. Formou dupla com Serrinha e, mais tarde, com Florêncio. Teve vários programas de rádio e deixou 398 gravações em 78 RPMs. Em Botucatu, sua cidade natal, foi construído um monumento em sua homenagem, na Praça Comendador Emilio Pedutti, a praça do bosque, marco zero do município. O monumento apresenta Raul Torres empunhando sua viola, apoiado em um dos bancos da praça. “Cabocla Tereza” foi a música escolhida para representá-lo neste ConSertão, escrita juntamente com João Pacífico.

Renato Teixeira

(1945)
De Santos-SP, cresceu na cidade de Taubaté e mudou-se para São Paulo em 1967, mesmo ano em que teve sua canção “Dadá Maria” apresentada no 3º Festival da Record. Seu primeiro LP, “Paisagem”, só aconteceu em 1973 e o sucesso veio com a gravação feita por Elis Regina de “Romaria”, em 1977. Desde então, se tornou um dos principais expoentes da quarta geração de compositores caipiras. Um dos grandes encontros artísticos de Renato Teixeira foi a parceria com Almir Sater, com muitos sucessos consagrados, como “Um Violeiro Toca” e “Tocando em Frente”. Outra parceria importante para Renato Teixeira foi com a dupla Pena Branca e Xavantinho. Juntos, gravaram o CD “Ao Vivo em Tatuí”, produzido por Mário de Aratanha e Leo Stinghen. A bela e emocionante canção “Romaria” foi a escolhida deste compositor maravilhoso para fazer parte do nosso repertório.

Rolando Boldrin

(1936)
Natural de São Joaquim da Barra – SP, estreou na carreira musical no ano de 1960, participando de um disco da cantora Lurdinha Pereira, que logo se tornou sua esposa e produtora de seus discos. Foi pioneiro na realização de programas de televisão dedicados à música brasileira autêntica, de inspiração regional: Som Brasil (TV Globo), Empório Brasil (TV Bandeirantes) e Empório Brasileiro (SBT). Atualmente, está apresentando o Sr. Brasil, que vai ao ar nas noites de terça-feira, pela TV Cultura de São Paulo. Seu repertório de canções caipiras reúne cateretês, toadas e modas, compondo cuidadosa seleção do que há de melhor na música brasileira de enfoque rural. A canção escolhida para homenagear este grande compositor é “Vide vida Marvada”, um dos clássicos da nossa música brasileira.

Serrinha

(1917 – 1978)
Antenor Serra, mais conhecido como Serrinha, nasceu em Botucatu-SP, em 1935 transferiu-se para São Paulo a convite do tio Raul Torres, com quem formou dupla dois anos depois, gravando sucessos como “Meu cavalo zaino”, “Caboclo namorador”, “O rei mandou me chamar”. A partir de 1943, formou dupla com Caboclinho, que logo se consagrou com “Bom Jesus de Pirapora” (com Ado Benatti), “Abandonado” (com Riellinho), “Chitãozinho e Xororó” (com Athos Campos) e outras. Aposentou-se em 1968. O músico é considerado, ao lado de Raul Torres, responsável pela introdução do uso do violão nas duplas caipiras. A canção “Chitãozinho e Xororó” composta em parceria com Athos Campos, foi a escolhida para compor o repertório do ConSertão.

Teddy Vieira

(1922 – 1965)
De Itapetininga-SP, foi, além de compositor, diretor artístico das gravadoras Colúmbia e Chantecler. É autor de clássicos como “O menino da porteira”, “O rei do gado”, “João de barro”, “Boiadeiro punho de aço”, “Pagode em Brasília” e outras. Morreu jovem, em acidente de carro na Rodovia Raposo Tavares, deixando um legado de imenso valor para a música caipira. O músico e compositor ganhou uma estátua após 50 anos de morte. O monumento foi instalado na Praça Largo dos Amores, no Centro de Itapetininga. Na entrada da cidade de Ouro Fino, MG, construíram um monumento ao compositor, composto de três partes, duas delas já prontas, O Menino da Porteira e o Boi Sem Coração. A terceira escultura, O Berrante, ainda não foi finalizada. A canção “Boiadeiro Errante” foi a selecionada para o repertório do ConSertão.

Tião Carreiro

(1934 – 1993)
José Dias Nunes, mais conhecido como Tião Carreiro, é de Montes Claros – MG, foi violeiro exímio e compositor de raro talento. No início dos anos 60, criou o pagode de viola, um ritmo “novo” por assim dizer… “Pagode em Brasília”, primeira dessa safra, teve na música caipira impacto semelhante ao que a Bossa Nova teve na MPB. Seu nome artístico homenageou Zé Carreiro, a quem substituiu por pouco tempo na histórica dupla com Carreirinho. Com Pardinho formou, em seguida, uma dupla duradoura com diversos sucessos. O músico faleceu no dia 15/10/1993 e foi sepultado no cemitério da Lapa, em São Paulo, onde foi construído um memorial em sua homenagem e que recebe inúmeros fãs todos os anos, que passam horas e horas cantando seu repertório e relembrando alguma passagem de sua carreira. “Chora Viola” é a canção de sua autoria e de Lourival dos Santos que está no repertório do projeto.

Zé Fortuna

(1923 – 1983)
De Itápolis-SP, formou dupla com seu irmão Pitangueira. Compôs e fez versões de belas canções românticas, entre elas, as guarânias “India” e “Meu primeiro amor”, que fizeram história nas vozes de Cascatinha e Inhana. Entre os muitos frutos do seu talento temos ainda, “Paineira Velha” (1959) e “Lembrana” (1962). Usava lindas metáforas em suas canções, o que era incomum na temática caipira. É autor de 42 peças teatrais (foi inclusive sócio fundador da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais – SBAT), de 10 folhetos de Literatura de Cordel, além de cerca de mais ou menos 2500 letras de músicas, sendo 900 inéditas. A canção “Cheiro de Relva”, escrita em conjunto com Dino Franco, foi a escolhida para homenagear esse grande compositor.

Cláudio Lacerda

Idealizador do projeto ConSertão, diretor artístico e solista de voz
Cláudio Lacerda é diretor da Cantoria Produções Artísticas e um dos principais artistas da música campesina paulista. Gravou 5 CDs, que contaram com a participação de grandes músicos, como Renato Teixeira, Dominguinhos, Tinoco e Pena Branca. Acumula algumas premiações, sendo 3 delas sequenciais no “Prêmio Nacional de Excelência em Viola Caipira”, na categoria “Melhor Intérprete”, além de ter sido ovacionado por críticos musicais nos veículos O Estado de São Paulo, Diário de São Paulo, Estado de Minas, Correio Braziliense, Revista Rolling Stone, entre outros.

Neymar Dias

Diretor musical, arranjador e solista de viola caipira
Formado em composição e regência, Neymar Dias realiza intenso e constante trabalho na música popular, atuando como compositor, músico, arranjador e diretor musical. Nestas funções, trabalhou com importantes nomes do cenário musical brasileiro, como: Inezita Barroso, Ivan Lins, Mônica Salmaso, Naná Vasconcellos, André Mehmari, Toninho Ferragutti, entre outros. Atuou durante 18 anos como contrabaixista de Orquestras Sinfônicas e Experimentais. Possui 5 CDs lançados com obras autorais e arranjos originais e, em 2014, foi indicado ao Grammy Latino juntamente com Toninho Ferragutti, concorrendo na categoria de melhor álbum de música raiz.

Rodrigo Zanc

Voz
Araraquarense, filho e neto de sitiantes, Rodrigo Zanc canta explorando a sonoridade da viola brasileira de forma moderna e singular. Tem 2 CDs lançados: “Pedenga” (2006) e “Fruto da Lida” (2013), este último foi selecionado para o 26o Prêmio da Música Brasileira, em 2014. Participou de cinco edições consecutivas do “Viola de Todos os Cantos” (EPTV/GLOBO) e seus espetáculos têm percorrido inúmeras unidades dos circuitos SESC/SESI, já foram atração do CCBB (Circuito Cultural Banco do Brasil), e eventos promovidos pela Secretaria de Estado da Cultura. Integra ainda o grupo vocal do “Projeto 4 Cantos“, com Luiz Salgado, Cláudio Lacerda e Wilson Teixeira e, também ao lado de Cláudio Lacerda, forma dupla em shows de Tributo à Pena Branca e Xavantinho

CONSERTÃO – BOTUCATU/SP

Lista de Músicos da Orquestra Sinfônica Municipal de Botucatu
NOME INSTRUMENTO
Fernando Ortiz de Villate Maestro
Rafael Pires Violino
Raldnei Gonçalves Violino
Jônatas Ariel Violino
José Carlos Rodrigues Violino
Christa de Andrade Violino
Daniel Saito Violino
Felipe Natanael Violino
Marcela Frigato Violino
Guilherme Ramos Violino
Wallacy Oliveira Violino
Marcos Ferreira Viola
Jéssica Paganuci Viola
Felipe Zamian Viola
Renata Ortiz de Villate Violoncelo
Silvana Teixeira Violoncelo
Marcelo Pessoa Contrabaixo
Vitor Germano Oboé
Gabriela Gaspar Flauta
Franklin Ramos Clarinete
Pedro Valadares Fagote
Renan Bertinotti Trompa